Acesso Aberto aos Dados da Pesquisa em Ciência do Solo

2020-10-05

Quantos pontos a figura contém?

Os pontos ao lado representam locais de amostragem do solo
- São locais para onde temos dados abertos do solo

Registre sua estimativa em www.pedometria.org/quantos-pontos

O estudante cuja estimativa estiver mais próxima do número correto—e estiver presente—receberá um prêmio pedológico no final da live!

Um pouco de contexto

2020–2050

Pelos próximos 30 anos, o PronaSolos envolverá dezenas de instituições parceiras, dedicadas à investigação, documentação, inventário e interpretação dos dados de solos brasileiros. O objetivo é mapear os solos de 1,3 milhão de km² do País nos primeiros dez anos, e mais 6,9 milhões de km² até 2048, em escalas que vão de 1:25.000 a 1:100.000.

1970–1985

O projeto RADAM - Radar na Amazônia – foi criado em 1970, priorizando a coleta de dados sobre recursos minerais, solos, vegetação, uso da terra e cartografia da Amazônia e áreas adjacentes da região Nordeste. Em 1975, o levantamento foi expandido para o restante do território nacional, visando o mapeamento integrado dos recursos naturais e passando a ser denominado Projeto RADAMBRASIL.

E antes disso… na Rússia e EUA

Vamos voltar ainda mais no tempo e recordar os esforços de cientistas do solo na Rússia, na segunda metade do século XIX, e nos Estados Unidos, na primeira metade do século XX. Em ambos os países, problemas relacionados à produção de alimentos—a seca na Rússia e a erosão eólica nos Estados Unidos—criaram a demanda pela produção de informação do solo. Um volume de dados muito grande foi produzido nesses países—assim como na experiência brasileira com o Projeto RADAMBRASIL. Os cientistas russos e norte-americanos tiveram que desenvolver soluções inovadoras para lidar com o grande volume de dados que eles agora tinham em mãos e com a diversidade do solo que estava se revelando para eles. Dokuchaev, por exemplo, desenvolveu equações matemáticas. Nos EUA, com o volume de dados aumentando rapidamente, a solução encontrada foi criar um sistema de classificação do solo—que mais tarde deu origem ao Soil Taxonomy.

O que foi que mudou desde então?

1985–2015

Ferramentas: pedometria e mapeamento digital do solo

1985–2000
- computadores
- Internet
- (geo)estatística
- sensoriamento remoto
- sistemas de informação geográfica

2000–2015
- sensoriamento proximal
- bancos de dados
- computação de alto desempenho
- aprendizado de máquina
- programação em R e Python

Para muitos cientistas do solo, e por bastante tempo, as últimas décadas foram vistas com muito pessimisto. Para alguns, a pedologia estaria morta e enterrada. Contudo, se prestarmos alguma atenção, veremos que o período entre 1985 e 2015 foi marcado por um desenvolvimento tecnológico muito grande, de velocidade nunca antes vista pela humanidade. E as novas tecnologias foram muito rapidamente adotadas na ciência do solo, passando a fazer parte da caixa de ferramentas de muitos cientistas do solo. É nesse período que são cunhados os termos “pedometria” e “mapeamento digital do solo”, termos que vêm definir algo que já se conhecia há bastante tempo, mas que era aplicado de maneira dispersa e experimental. Termos que hoje definem aquela que pode ser a disciplina mais vanguardista da ciência do solo.

1985–2015

Métodos: digitalização, decentralização, diversificação

Digitalização

Decentralização

A decentralização de que eu falo se refere ao fato de que a produção de dados e informação do solo deixou de ser responsabilidade e interesse principal de algumas poucas instituições como IBGE, CPRM e EMBRAPA. Essas instituições lançaram as bases da produção de dados e informação do solo e promoveram, com as universidades, a formação de centenas de cientistas do solo. Essa sólida formação científica, aliada ao maior acesso aos dados existentes de recursos do solo e da terra, à popularização das ferramentas computacionais e desenvolvimentos tecnológicos, facilitou muito a produção de novos dados e informação do solo. Universidades, instituições de pesquisa e extensão, profissionais liberais, empresas de consultoria, cooperativas, associações… Em resumo, a produção de dados e informação do solo se popularizou.

Diversificação

1985–2015

Métodos: dispersão, desorganização, desperdício

Dispersão, Desorganização

A falta de uma organização coletiva dos esforços de produção de dados e informação do solo é uma marca bastante característica das últimas décadas. Sabe-se pouco sobre os métodos e procedimentos utilizados nas diferentes situações, sobre quais locais já foram estudados e amostrados, sobre qual é a acurácia e precisão dos dados e informações gerados, e mesmo onde estão esses dados e informações. Não é difícil imaginar que, num cenário de dispersão de esforços, estudos quase idênticos já tenham sido realizados sem que um soubesse da existência do outro. Iniciativas internacionais, como a Aliança Global pelo Solo, e nacionais, como o PronaSolos, são resultado da preocupação, em todo o mundo, não apenas de cientistas do solo, mas também de tomadores dos decisão, com esse cenário.

Desperdício

O que são dados abertos do solo?

As três leis dos dados abertos

Encontrados na Internet
- Do contrário, é como se os dados não existissem
- ~~“Os dados estão disponíveis mediante contato com os autores.”~~

As três leis dos dados abertos

Encontrados na Internet
- Do contrário, é como se os dados não existissem
- ~~“Os dados estão disponíveis mediante contato com os autores.”~~
Formato que permita imediata leitura e manipulação em software
- Do contrário, é como se a existência dos dados fosse indesejada
- ~~“Os dados estão disponíveis no apêndice da tese.”~~

As três leis dos dados abertos

Encontrados na Internet
- Do contrário, é como se os dados não existissem
- ~~“Os dados estão disponíveis mediante contato com os autores.”~~
Formato que permita imediata leitura e manipulação em software
- Do contrário, é como se a existência dos dados fosse indesejada
- ~~“Os dados estão disponíveis no apêndice da tese.”~~
Livres de impedimentos legais ao reúso e redistribuição
- Do contrário, os dados são inúteis
- ~~“Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual”~~

Vamos abrir alguns dados?

Uma contribuição para o sucesso do PronaSolos

Em 24 horas, passar a marca de 20.000 pontos com dados abertos para uso no PronaSolos!

www.pedometria.org/projeto/febr/

ZIP com dados de sua autoria (XLSX) + publicação onde aparecem (PDF)

Obrigado pela sua contribuição! 💖

Bibliografia

Basher, L. R. 1997. “Is Pedology Dead and Buried?” Australian Journal of Soil Research 35: 979–94. https://doi.org/10.1071/S96110.

Ditzler, C. A., and R. J. Ahrens. 2006. “Development of Soil Taxonomy in the United States of America.” Eurasian Soil Science 39 (2): 141–46. https://doi.org/10.1134/S1064229306020049.

Polidoro, José Carlos, Maria Lourdes Mendonça-Santos, José Francisco Lumbreras, Maurício Rizzato Coelho, Amaury Carvalho Filho, Paulo Emílio Ferreira Motta, Waldir Carvalho Junior, et al. n.d. “Programa Nacional de Solos Do Brasil (Pronasolos).” Rio de Janeiro: Embrapa Solos.

Samuel-Rosa, Alessandro. 2019. “Vamos Abrir Os Dados Da Pesquisa Sobre O Solo?” Boletim Informativo Da SBCS 45 (1): 27–31.

Samuel-Rosa, Alessandro, Ricardo Simão Diniz Dalmolin, Jean Michel Moura-Bueno, Wenceslau Geraldes Teixeira, and José Maria Filippini Alba. 2020. “Open Legacy Soil Survey Data in Brazil: Geospatial Data Quality and How to Improve It.” Scientia Agricola 77 (1). https://doi.org/10.1590/1678-992x-2017-0430.

Samuel-Rosa, A., and G. M. Vasques. 2017. “Dados Para Aplicações Pedométricas Em Larga Escala No Brasil.” Boletim Informativo Da SBCS 43 (3): 22–24.